HISTÓRIA
Nos anos 60, o Brasil testemunhou uma transformação significativa em sua indústria automobilística com a chegada das montadoras estrangeiras. Esse período foi marcado por um marco histórico na economia e cultura do país, conforme grandes fabricantes de automóveis estabeleceram suas operações em território nacional.
A abertura do mercado para as montadoras estrangeiras foi um ponto de virada fundamental, visto que anteriormente o mercado automobilístico no Brasil era dominado por poucas empresas locais. A entrada de empresas renomadas mundialmente, como Ford, General Motors, Volkswagen, entre outras, desencadeou uma competição acirrada e introduziu novos padrões de qualidade, tecnologia e design no cenário automotivo brasileiro.
O impacto desse influxo de montadoras estrangeiras foi notável. Essas empresas não apenas introduziram uma gama diversificada de modelos e opções de carros, mas também trouxeram consigo práticas avançadas de fabricação, estratégias de marketing e uma competição saudável, resultando em preços mais competitivos e maior acesso da população a veículos motorizados.
A ascensão das montadoras estrangeiras nos anos 60 não apenas transformou o mercado de automóveis, mas também teve implicações profundas na economia nacional, impulsionando a produção industrial, gerando empregos e contribuindo significativamente para o crescimento econômico do país. Este momento histórico marcou o início de uma nova era para a indústria automobilística brasileira, catalisando mudanças sociais, econômicas e culturais que moldaram profundamente a forma como os brasileiros se relacionam com os automóveis até os dias atuais.
NECESSIDADE x OPORTUNIDADE
Enquanto as montadoras estrangeiras introduziam uma gama diversificada de modelos e opções de carros no Brasil nos anos 60, um desafio significativo para muitos consumidores era a ausência de financiamento acessível para a compra de automóveis. Nessa época, a falta de opções de crédito dificultava o acesso da população aos veículos, limitando severamente as possibilidades de aquisição.
Foi nesse cenário que um grupo visionário de amigos se reuniu com a proposta inovadora de criar uma alternativa para viabilizar a compra de automóveis. Confrontados pela escassez de opções de financiamento convencional, esses indivíduos decidiram criar um modelo colaborativo que mais tarde se tornaria conhecido como consórcio.
A ideia central do consórcio nasceu da necessidade de encontrar uma solução coletiva para contornar a falta de crédito para a aquisição de automóveis. Esse grupo pioneiro concebeu um sistema em que um número específico de pessoas se uniria para formar um grupo, contribuindo com parcelas mensais iguais, com o propósito de adquirir um veículo. Esse conceito revolucionário permitia que, periodicamente, um dos integrantes do grupo fosse contemplado com a carta de crédito, possibilitando a compra do carro, sem juros e com base do sorteio ou lance. A ideia inicial do consórcio, portanto, surgiu da inventividade e da necessidade premente de um grupo de amigos em encontrar uma alternativa colaborativa diante da ausência de opções de financiamento para a compra de automóveis. Este conceito viria a se expandir e transformar-se em uma prática consolidada, democratizando o acesso aos veículos automotores e tornando-se uma peça fundamental na história do mercado automobilístico brasileiro.
CONSÓRCIO PODE SER UMA ESTRATÉGIA PARA INVESTIMENTO?
À medida que a década de 1960 progredia, o consórcio rapidamente se estabeleceu como uma alternativa atraente para os consumidores brasileiros que desejavam adquirir um automóvel, mas enfrentavam restrições financeiras significativas. A simplicidade do sistema, aliada à ausência de juros, tornou-se um ponto de interesse entre os consumidores, pois oferecia uma maneira acessível de realizar um investimento em um veículo.
A popularização do consórcio entre os consumidores foi impulsionada principalmente pelos seus benefícios perceptíveis. Ao contrário dos financiamentos tradicionais que demandavam juros e taxas, o consórcio oferecia um plano de pagamento mensal mais acessível, sem custos adicionais de juros, permitindo que os participantes pagassem apenas o valor do bem adquirido.
Além disso, a flexibilidade do sistema de consórcio, que permitia aos contemplados serem escolhidos por meio de sorteios mensais ou por lances dados pelos participantes, oferecia uma oportunidade adicional para os consumidores obterem o veículo desejado mais rapidamente.
Diante da rápida aceitação e demanda crescente pelo consórcio, as montadoras reconheceram essa modalidade como uma estratégia eficaz para alcançar um público mais amplo. Elas perceberam a importância de se adaptar a essa tendência crescente e passaram a incorporar ativamente o consórcio em suas estratégias de venda.
As montadoras passaram a oferecer planos de consórcio específicos para seus modelos de veículos, promovendo-os como uma alternativa atraente e acessível para os consumidores. Esse movimento estratégico não apenas expandiu a base de clientes das montadoras, mas também fortaleceu a viabilidade do consórcio como um método de aquisição de automóveis amplamente aceito e confiável. Assim, a combinação de benefícios evidentes para os consumidores e a adaptação das montadoras para incluir o consórcio em suas estratégias de venda impulsionou significativamente a popularização e o crescimento dessa modalidade de compra de veículos no Brasil nos anos 60 e além.
O mercado nacional de consórcio cresceu +23,9% (2022 x 2021)
CONSÓRCIO NO BRASIL: A Influência na Economia, Sociedade e Investimentos
O advento do consórcio na indústria automobilística brasileira durante os anos 60 teve um impacto abrangente e significativo tanto na economia quanto na sociedade do país. Além de proporcionar uma alternativa viável para aquisição de automóveis, o consórcio se estabeleceu como uma forma inovadora de diversificação de investimentos para os consumidores, oferecendo não apenas a possibilidade de adquirir bens duráveis, mas também de investir seu dinheiro de maneira mais estratégica.
Economicamente, o consórcio desempenhou um papel crucial na ampliação do acesso das pessoas aos automóveis. Ao oferecer uma opção acessível de pagamento, sem incidência de juros elevados, o consórcio possibilitou que um número significativo de indivíduos adquirisse veículos, o que antes poderia ser inviável devido às limitações financeiras.
Além disso, a existência do consórcio também influenciou indiretamente o desenvolvimento urbano e a mobilidade. A medida em que mais pessoas puderam adquirir veículos através do consórcio, houve um aumento na demanda por infraestrutura viária e melhorias nas condições de mobilidade nas cidades. Isso impulsionou investimentos em estradas, sistemas de transporte público e infraestrutura urbana, contribuindo para a expansão e o desenvolvimento das cidades.
Socialmente, o consórcio proporcionou não apenas a aquisição de um bem de alto valor, como também permitiu que indivíduos de diferentes classes socioeconômicas tivessem acesso a essa oportunidade de investimento. Isso ajudou a reduzir as disparidades de acesso aos bens de consumo entre diferentes camadas da população, promovendo uma maior inclusão e participação no mercado automobilístico.
Além disso, o consórcio abriu uma nova perspectiva de investimento para os participantes, oferecendo uma forma alternativa de diversificar seus recursos financeiros. Ao participar de um consórcio, os indivíduos podiam não apenas adquirir um carro, mas também investir em um ativo, mantendo sua capacidade de compra ao longo do tempo. Dessa forma, o impacto do consórcio na economia, sociedade e investimentos durante os anos 60 foi notável, pois não apenas revolucionou a maneira como as pessoas adquiriam veículos, mas também desempenhou um papel importante na dinâmica econômica e social do país, influenciando o acesso aos automóveis, o desenvolvimento urbano e a diversificação de investimentos.
CONSÓRCIO – Produto híbrido entre investir e poupar
Ao longo do tempo, o mercado de consórcio no Brasil passou por uma notável evolução, expandindo-se para além do setor automobilístico e tornando-se uma modalidade amplamente reconhecida e adotada em diversos segmentos.
Inicialmente introduzido como uma solução para aquisição de automóveis nos anos 60, o consórcio experimentou mudanças significativas e se diversificou para abranger novos setores. Uma das mudanças mais marcantes foi sua expansão para o mercado imobiliário, oferecendo planos de consórcio para a aquisição de imóveis residenciais e comerciais.
Além disso, o consórcio se estendeu para outros tipos de bens, incluindo veículos pesados, motocicletas e até mesmo serviços, permitindo que os participantes adquirissem caminhões, ônibus, motos e também contratasse serviços como viagens, estudos, entre outros.
Essa diversificação de segmentos não apenas ampliou as opções disponíveis para os consumidores, mas também transformou o consórcio em um produto mais abrangente e versátil. Atualmente, o consórcio não é apenas visto como um meio de adquirir um bem específico, mas como uma forma híbrida entre investir e poupar.
Essa modalidade permite que os participantes, ao contribuírem mensalmente, possam concorrer a contemplações para a aquisição do bem desejado ou oferece-lhes a oportunidade de utilizar o crédito contemplado para investir ou realizar outras modalidades de aquisição. Essa abordagem, que combina elementos de investimento e poupança, atrai um público diversificado, desde pessoas que buscam adquirir um bem até aquelas que buscam estratégias de investimento mais flexíveis. Portanto, a evolução do mercado de consórcio no Brasil não apenas ampliou sua abrangência para novos setores, mas também transformou sua natureza, tornando-se um produto que oferece oportunidades para investir, poupar e adquirir bens de maneira flexível e acessível.
Sistema de consórcios em julho/2023: dados econômicos
No balanço do Sistema de Consórcios de janeiro a julho de 2023, foram registrados novos recordes de vendas, créditos comercializados e consorciados ativos. Neste último, os 9,81 milhões de participantes registrados representaram alta de 10,5% em relação aos 8,88 milhões do mesmo mês de 2022.
De janeiro de 2022 a julho deste ano, a modalidade completou dezenove meses de crescimento no volume de consorciados ativos, com apenas uma retração em abril último, quando somou 9,44 milhões. Por segmento, as altas chegaram a 34,6% em veículos pesados; 20,7% em eletroeletrônicos; 19,9% em imóveis; 11,7% em motocicletas; e de 3,6% em veículos leves. Apenas serviços apontou estabilidade. Fonte: ABAC – Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios.